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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Mosteiros de eunucos sem portas e sem muros.

Mosteiros de eunucos sem portas e sem muros.

Disse Jesus, segundo Mateus:
Porque há eunucos de nascença; há outros a quem os homens fizeram tais; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus. Quem é apto para o admitir admita.
(Mateus, 19:12)


Ora, o termo Eunuco não quer dizer homossexual, nem mesmo impotente, embora os haja e houvesse entre os eunucos, e não há o que recriminar, porque cada um é o que é. Mas nem sempre. Os cargos ocupados por eunucos eram muito bem remunerados e por isso alguns pais mandavam castrar seus filhos para que servissem a senhores poderosos que os mantinham protegidos em palácio. Mais recentemente na história, crianças eram castradas para que sua voz continuasse infantil e pudessem fazer parte de coros de orquestras e de igrejas. D. João VI quando veio para o Brasil trouxe um grupo de meninos italianos castrados (castrati) para atender as necessidades culturais da corte.

De certa forma, o que se espera de padres da Igreja católica é que ajam como eunucos sem, contudo, serem castrados, em busca do reino dos céus - que é para muito poucos – a julgar péla parábola dos ricos, da agulha e do camelo, contada por Jesus: Seria mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico passar para o reino dos céus. Para não se ser rico, não se pode ter ambição, nem desejar a mulher do próximo para não ter que alimentá-la, nem ter “maus” pensamentos, como exige a profilaxia religiosa da religião católica. Em suma, se adotar a nulidade dos desejos comuns e correntes do ser humano estará pobre no paraíso da terra, mas feliz pela vitória de ter conseguido dominar todos os desejos naturais, como o do sexo. Hindus conseguem esse estado de Nirvana sob a égide de outros e prolixos deuses, mas de modo geral, dão ao sexo o valor que ele tem na vida de qualquer ser humano. Sexo para procriar, uma vez a cada dez meses do ano, deveria ser suficiente, mas sabemos ser humanamente impossível, e sabemos também que não somos deuses nem santos.


Mosteiros são edifícios onde tudo que fosse possível se cultivava, de forma a ser auto-suficiente para monges e freiras, mas jamais frades e freiras convivendo sob o mesmo teto. Mas nem sempre eram auto-suficientes. Em vez de ser uma forma da independência feminina, sobrevivendo por conta própria, era um tipo de segregação para evitar tentações. Os frades tentavam ser eunucos sem fêmeas para cobiçar, pais mandavam filhas para conventos como castigo por sua sede de liberdade e independência. Mais tarde no tempo, curandeiros psicológicos dariam choques em jovens para que despertassem para a necessidade de nada contestarem sobre educação, governo, coisas mundanas, abraçar a fé da nulidade, fazer as vontades alheias. Não há crônicas sobre como esses jovens, machos e fêmeas enclausuradas, satisfariam seus desejos sexuais, porque fé convicta sobre a sua religiosidade forçada certamente não a tinham. Num mundo de faz de conta, podemos fazer de conta que entendemos perfeitamente fatos como esses, mas podemos perguntarmo-nos se não tivessem havido movimentos libertários ao redor do mundo, se essa prática ainda não teria sido mantida, e, em decorrência, o que será necessário movimentar para que se mude também a mania – porque não se trata de fé, mas sim de mania – de padres não poderem casar. Estamos certos de que um dia no futuro poderão. É pena que não se possa adiantar o futuro e trazê-lo para o presente, se já sabemos como será.


No entanto, algo mudou a respeito dos conventos. A tão sonhada liberdade sexual para homens e mulheres, finalmente aconteceu, fortemente alavancada pelo descobrimento da pirula, da ligadura de trompas e da vasectomia, e naturalmente o viagra. Podemos transar eternamente enquanto durarem nossas vidas sem perigo de procriar, e com o uso de camisinhas, sem medo de apanhar doenças sexualmente transmissíveis. Isso trouxe um tipo de independência tal, que não será exagero se afirmarmos que “ninguém é de ninguém”. Certamente ninguém é de ninguém para toda a vida, e as estatísticas provam isso exatamente. Casar, que antigamente já era uma “roleta” como fator de sorte em sua sobrevivência ao longo de vidas em comum, agora já é algo como acertar numa Mega-Sena, onde as probabilidades são ainda menores. O casamento que já foi uma instituição, hoje é uma festa comemorativa de um acontecimento: A liberdade de transar legalmente, com a certeza de mais tarde ter que dividir os bens acumulados, criar dificuldades mentais para os filhos pela separação dos casais, gastar boa parte de seu acumulo de riqueza pelo trabalho com advogados mentirosos que tentam convencer a corte de que cada cônjuge é pior do que o outro. Se houvesse juiz honesto, e pelas queixas de parte a parte a parte, a serem verdadeiras, todos os cônjuges estariam presos por mil e uma afrontas à lei. Ou pelo menos, um deles.

Mas a bem vinda liberdade sexual trouxe muito mais do que isso: Trouxe a oportunidade de viver uma vida programada, tendo filhos quando se quer e não quando por descuido eles aparecem. Trouxe a liberdade sexual em toda a acepção da palavra, incluindo todos os gêneros hoje conhecidos que não se limitam a masculino e feminino, mostrando aquela parte “ignorada” da sociedade humana para a qual nem havia uma designação “oficial”.  O mundo mudou, as religiões pararam no tempo encerradas em mosteiros onde os sons e as imagens do lado de fora são rechaçadas a raquetadas coniventes com o hermetismo da consciência conservadora. E então, nos últimos sessenta anos, com a vida periclitante entre assaltos, guerras e instabilidades econômicas,  os mosteiros abriram suas portas para a visitação pública, pais já não obrigam suas filhas ao convento, o anel do “casamento” com Jesus está comprometido.Um lugar calmo e tranqüilo para meditar é o que toda a humanidade quer enquanto lhe dura a vida, livre de impostos, de obrigações do dia a dia, as caridades dos conventos hoje são dádivas de ONGS sem menção a religiões, nem santos e sem deuses.


Com tanta liberdade, o afastamento da religião trouxe algumas novidades, como era de prever. Uma delas foi o alerta para a humanidade de que se poderia controlar a população mundial, viver um pouco mais a vida em liberdade antes de ter filhos, ou nem os ter. O sexo já não era – e nunca tinha sido realmente – apenas para a fecundação, algo que nos diferencia dos outros animais que mantêm relações sexuais apenas quando as fêmeas estão no cio. Seres humanos não têm cio e praticamente estão sempre dispostos a manter esse tipo de relações, porque dão prazer. Somos uma espécie viva e carente de prazeres. As drogas são apenas o aspecto mais leviano e perigoso dessa carência. A vida de impostos, trabalho, dificuldades, nos impõe compensações de prazer para que a "vida"  possa ser vivida com certo equilíbrio e alegria.

Ao verificarmos que os gêneros humanos são agora tão diversos, as relações humanas tão libertárias, independentes, a cultura do “eu” tão apropriadamente adquirida dos hábitos mutantes das grandes cidades, não podemos deixar de nos perguntar que medidas uma humanidade estará tomando para controlar a natalidade, tentando minimizar os impactos das diferenças sociais, deixando o mundo para cada vez menos gente, dividindo a riqueza por cada vez menos cidadãos, como acontece em países desenvolvidos e se espera que aconteça também no Brasil em mais uns quinze anos. É como se a humanidade se transformasse em eunucos, não por estar castrada ou ser homossexual, mas por retardar ou eliminar a possibilidade de ter filhos, um certo tipo de “castração” geral e irrestrita, que, não fosse a ignorância e a falta de educação sexual adequada em casa e nas escolas, e só uns poucos seriam atualmente pais-avós de filhos adotados, mas com toda a liberdade sexual.


Dizem as mulheres que não encontram homens, coisa que homens não dizem. Há mulheres suficientes para passar bons momentos, sem compromisso e muitos cuidados. Apesar disso, praticar sexo tornou-se algo perigoso quer por obrigação a laços de relacionamento estável, quer pela transmissão de doenças sexualmente transmissíveis.  Os Mosteiros, pelo que parece, abriram as portas e derrubaram os muros. Estamos numa convivência monástica, com tantos cuidados, que o relacionamento se compromete, cada um em seu mosteiro com Internet, shoppings, apartamentos, automóveis e cartões de crédito. Cada vez menos crianças, grande parte adotada. Recentemente uma freira deu à luz na Itália e disse estar surpresa com o acontecimento..  Ver em (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/01/140117_freira_gravidez_pai.shtml)

Nem os genes já são tão importantes como eram antigamente. Os bancos genéticos estão cheios à disposição.

© Rui Rodrigues






[1] Michael Jackson teria sua voz capaz de cobrir  três oitavas a exemplo dos grandes tenores, devido a remédios que teria tomado, mantendo sua voz de “castrado” (castrati), tal como os garotos de coro de D. João VI. Ver em  http://newspressrelease.wordpress.com/2011/03/02/michael-jackson-ficou-esteril-sem-saber-segundo-pesquisador-frances/ 
[2] Ver registros do mosteiro de São Martinho de Castro em Portugal, primeira foto deste texto, em http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=4381033

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Cinco Temas de Agosto 2013

A violência nas escolas do Brasil...
Educação é algo que se assimila em casa e nas escolas, mas não se pode desprezar o que se vê nas televisões, pelas ruas, se lê nos jornais... Coisas que adentram as casas e escolas. É um mundo simbiôntico e nada se isola. 

Com tantas notícias de crimes sem punição, corrupção de políticos, vida mais cara, inflação, ensino deficiente, saúde pública em cacarecos, reclamações que não são atendidas, esgotos a céu aberto, regiões sem água potável, a juventude reclama à sua maneira de um mundo que espera ver mudado e se julga impotente para mudar: Indisciplina-se nas escolas, quebram móveis, dificultam a educação que parece não lhes servir nem ser solução. 

Estão na duvida se seguem a educação que lhes é dada e serem cidadãos honestos e serem desprezados pelos governos sucessivos, ou serem desonestos e se tornarem políticos ou servidores públicos corruptos.

Se quisermos um Brasil melhor, nossas reclamações têm que ser ouvidas, o governo tem que deixar de ser corrupto. O exemplo vem de cima, não debaixo. 

₢ Rui Rodrigues.

http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/unesco-resources-in-brazil/studies-and-evaluations/violence/violence-in-schools/

EM BUSCA DE SOLUÇÃO POLÍTICA


Lembrei-me hoje da tragédia dos Andes... Depois que os passageiros foram resgatados se verificou que ali perto, detrás de uma pequena montanha, havia um vale com casas e instalações, um hotel e até um pequeno hospital. 

muitas mortes poderiam ter sido evitadas, mas era necessário um pouco de sorte para caminharem em busca de apoio na direção certa. 

Vejo aqui pela NET que se reclama muito, buscam-se soluções, mas muito poucos, leem o que escrevemos. Vão em busca de informações no "comum e corrente" , procurando textos curtos, de gente engajada no "sistema". Raciocinar fora dele parece difícil, cansativo, não há tempo a perder... Parece que o tempo não seria perdido. Mais perdido é o tempo girando em torno de um circulo como se fossemos LP's antigos de 78 rotações por minuto. 

Rodamos no vazio e parece haver um prazer mórbido em mantermos os motivos que nos fazem reclamar todos os dias. Talvez para mostrarmos que "sabemos" do assunto, que estamos “engajados” e que por isso reclamamos com propriedade, nós os que nos julgamos prejudicados. 

Assim não vamos a lugar nenhum... Continuaremos ouvindo o mesmo LP - que hoje seria um CD, a 78 rotações por minuto... Só que a música é antiga e sempre a mesma: A “canção” unísssona da corrupção e como extirpá-la... Podemos ouvir a mesma música um milhão de vezes que continuaremos ouvindo a mesma música

₢ Rui Rodrigues, 

http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/

OS TEMPOS MUDAM, Frank Sinatra...


Além de N. York, não só Las Vegas, mas também Detroit eram os lugares preferidos pelos grandes artistas de cinema e do show Business americanos. Por lá passaram todos os famosos que conhecemos, entre eles, Frank Sinatra. 

Depois que começou a crise de 2008, algumas cidades na China e nos EUA decaíram porque, para manter o eleitorado, continuaram gastando mais do que deveriam e podiam. Detroit entrou em falência e deve hoje mais de 40 bilhões de reais, o que é demasiado para uma população que perdeu desde 2008 25% de seus habitantes e hoje tem cerca de 700.000 pessoas. 

Para pagar a dívida, pretende a Prefeitura vender obras de arte. E enquanto isso, nosso governo desperdiça verbas aos montes em salários altíssimos de políticos, incluindo o Senado, em transportes de avião, em corrupção, em obras faraônicas e obras que não andam e cujo valor dos contratos sobe a cada dia por estarem paradas.

Como se a crise não fosse chegar por aqui... 

₢ Rui Rodrigues. 

http://www.publico.pt/cultura/noticia/detroit-vai-mesmo-pagar-a-divida-com-caravaggios-e-van-goghs-1602449
http://www.youtube.com/watch?v=f5Lp5DOjkc8

Jantando fora... 



Há muito que dizia para minha família: Acho melhor gastarmos o que iriamos gastar num bom restaurante, cozinhando em casa... Cada vez que ia para a cozinha, a comida ficava melhor. Não era vergonha nenhuma cozinhar, pelo contrário, um prazer, e só perdíamos o "status" da sociedade nos ver frequentando restaurantes com certa fama... Mas.. E daí? A maioria nem conhecia, e sendo desconhecido estar ali a minha família ou outra dava no mesmo. Nenhum paparazzi iria tirar fotos para postar nos jornais.. E naquela época, dinheiro não era problema. A inflação não era tão alta. 

Agora vejo o que ganhamos jantando em família, com os amigos, melhorando os dotes culinários, convivendo, sem ter que estacionar carro, sem ter que pagar gorjetas, sem arriscar a encontrar os vidros quebrados do automóvel.. Sem ter que molhar a mão do guardinha. E principalmente sem comer alimentos vencidos em restaurantes de primeira linha Zona Sul do Rio de Janeiro  

http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/restaurantes-chiques-do-rio-tem-comida-estragada-diz-nyt



O SENADO MANTÉM CARGO DE CONDENADO A PRISÃO 


Quer dizer que Donadon é realmente um bandido, um escroque, que desviou milhões de verbas...

Quer dizer também que nossos senadores representativos negam a cassação dos direitos políticos... 

Então, pela lógica, temos que entender que os políticos não nos representam, são outros bandidos de igual porte, estão mancomunados, e deveriam estar todos presos, em cana... Recebendo apenas o salário-bolsa-presídio... 

Estamos roubados, por uma corja de políticos bundas-mole, que elegemos por que o sistema é esse mesmo: Os partidos políticos nos "presenteiam" com bandidos para votarmos neles, nós votamos, depois eles nos roubam e recebem palmas no "plenário da tramoias"... Somos idiotas, ou temos esperanças que eles nos deem de lambuja um cargo em algum ministério, nem que seja de porteiro vitalício muito bem remunerado ???

Quem apoia esta porcaria de podríticos que temos ?

http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/08/camara-mantem-mandato-de-donadon-em-votacao-secreta.html

sábado, 24 de agosto de 2013

Iludida desilusão ou o amor e a razão num copo ?



Iludida desilusão  ou o amor e a razão num copo ?


Eram cerca das quatro da tarde, o tempo estava nublado e não iria só. Peguei minha mochila, uma garrafa de vinho, um queijo, pão, uma garrafa de água e no espaço que sobrou, a minha gata Sarkye, cabeça para fora da mochila para apreciar a paisagem. Ela é um animal sentimental e eu também. A diferença está no pelo dela que é muito mais bonito do que a minha pele. Não fosse a roupa que uso, eu nu seria muito mais impressionante do que ela que nem usa roupa, mas certamente menos natural do que ela que não conhece tecnologia e tem saber limitado. Depende de quem olha para quem, se eu para ela, se ela para mim. Um de nós estamos certos.

Fomos passear. Eu para meditar, ela para dormir e curtir um sol ao meu lado, com seu faro curto procurando algo que se mexesse e representasse perigo. Miaria e certamente eu não daria importância a menos que fosse um cachorro. As onças que aqui habitavam, outros animais muito mais parecidos comigo do que com ela, já as tinham exterminado há muito. Animais não destroem a natureza, mas os animais parecidos comigo destroem e muito. São mais animais que minha gata animal.

Ao pegar o copo e verter-lhe o vinho, me ocorreu a primeira indagação: Porque não nos acertamos – na verdade eu queria dizer porque é que eu não me acerto, mas isso não é característica apenas minha, ou seria prerrogativa? – com as mulheres por muito tempo. Fiquei pensando nisso enquanto olhava as ondas do mar. Eram ondas sucessivas umas atrás das outras, sempre num ritmo de sete, como se fosse uma menorá, Não de chamas do Eterno, mas de espumas semoventes encristadas em água. Água e espuma juntas, inseparáveis. Tinha ficado casado por 31 anos, e nem antes nem depois as mulheres duravam muito em minha vida. Muitas e várias explicações como dezenas de menorás ardentes me ocorreram, de reminiscências dos livros sagrados, do meu quotidiano, de livros de ontem de hoje e até de amanhã que abordaram, abordam e abordarão o mesmo tema. Porque não nos acertamos para toda a vida? E já ia no quarto copo, o pão pela metade, minha gata sem aviso de que ficaríamos até o sol se por e sem ração, sem reclamar. Parece que os animais entendem nossas necessidades e não reclamam, apenas se adaptam às circunstâncias.  Dei-lhe um pedaço de queijo em resposta a um seu miado, como se fosse um rato. Ratos gostam de queijo e Sarkye também, o que não faz dela um rato, assim como também não me faz a mim, mas nós somos muito simplistas e lineares. Somos capazes de identificar as pessoas por sua aparência sem nos aprofundarmos muito, ou o necessário, em nosso íntimo.  Vestiu como puta, é puta. Desmunhecou, é viado. É o poder do “conhecimento”, típico de quem não consegue reconhecer a diferença entre uma menorah e uma chanukiá [1], com mais dois braços que a menorá.

A garrafa estava chegando ao fim, o Sol poente era agora cor de salmão, misturado com tons de laranja e rosa. Havia muitas mulheres numa praia vazia sem ninguém. Eram quase todas as que passaram na minha vida, de algumas não me lembrava. Umas me chegaram sem saber o que queriam, outras sem saber o que podiam querer, outras nada queriam, outras ainda queriam querer mas não podiam. Algumas choravam, outras riam, santa diversidade dentro da diversidade da natureza que somos. Uma infinidade de sutilezas da vida, tão sutis que não costumamos enxergar o óbvio. Podemos ser simples ou complicados que a vida jamais será alguma coisa muito simples, e sempre acabamos por achar que são as mulheres ou nós mesmos que somos complicados. Mas não, simples é a vida que complicamos porque somos assim mesmo: Vida tentando aprender e apreender a vida, algo de que conhecemos muito pouco. A simplicidade das palavras de nada adianta para um animalzinho simpático carente e dependente como Sarkye que gosta de queijo como os ratos, e entre nós, os outros animais, quanto mais simples as palavras, mais perguntas costumam gerar. Não enxergamos o óbvio, o simples. Sempre pensamos que há algo de mais complicado do que a simplicidade que assim perde o seu interesse como mistério e ganha a importância de coisa complicada, elaborada, inteligente, mas é exatamente o contrario, porque a simplicidade é a sublimação do complicado.

O pescador de bicicleta estava passando agora no sentido inverso sempre olhando o mar. Talvez levasse na bicicleta a sua tarrafa para a pesca da tainha, mas nunca o vi pescar. Na minha simplista forma de pensar, cri que era um “olheiro” dos outros pescadores que costumam visitar a praia, mas esses vêm com suas redes olhando as ondas para ver se há tainhas nadando ao longo das ondas, buscando o seu plâncton levantado pelo movimento dessas cristas espumosas. Lugar de tainha é no mar, nas redes uma opção descuidada. Somos também descuidados tal como as tainhas, mas não podemos reclamar: Somos tão animais quanto elas e há sempre redes em nossas vidas, tentando capturar-nos. O coração é cego, a razão vê demasiado, e nunca sabemos em que acreditar, se no coração ou na razão. Minha razão estava num copo de vinho ao sabor das ondas do mar enquanto mastigava um pedaço de queijo com pão, sem me preocupar com as redes do coração. Sempre acabamos por ficar imunes, com aquele olhar tranqüilo que caracteriza o olhar da Sarkye, a minha gata, que sabe perfeitamente o mundo em que vive, ela um simples animal, eu um animal complicado. Nós que não sabemos, somos outros animais imberbes se comparados com a gata. Alguns de nós raspamos os pelos do púbis, mas em que isso muda as nossas vidas, senão pelo estereotipo cultivado por uma sucessão de regras de beleza que surgem e desaparecem como ondas de uma menorá aquosa?

Mas porque razão sempre me vem uma comparação com a menorá divina? Porque o amor é uma deficiência coronária do coração que a razão sempre nega. Não há realmente aquilo a que chamamos amor. Há sim, uma solidariedade que nos aproxima de uns e nos afasta de outros, de acordo com o grau de solidariedade que encontramos em troca do que oferecemos. Algo parecido com um negócio cujo capital é a amizade, e lá se foi o suposto pescador empurrando sua bicicleta pelas areias leves da praia, quase sumindo no horizonte. Também ele, por solidariedade, percorria habitualmente aquele mesmo percurso. Se visse algo de interessante nas ondas, avisaria, e no dia seguinte a praia se encheria de pescadores com tarrafas, uns quatro ou cinco, que numa praia com sete quilômetros de extensão pareceria vazia, mas cheia de pescadores. É a relatividade do que sendo pouco parece muito, e sendo muito, parece pouco. Não é apenas o espaço tempo que se contrai ou expande, mas também o nosso entender do que somos seguindo as próprias regras que estabelecemos para a razão agindo sobre o coração. Sem regras não há censura válida, ainda que complacentemente, sobre o coração, e coração livre sem razão é como um pedaço de queijo e um copo de vinho jogados ao mar com ondas de menorá aquosa.Talvez em função de uma maior ou menor agitação dos neurônios provocada por uma garrafa de vinho, e pão com queijo. Uma alimentação corporal que sobe até cada neurônio, os agita, os faz trabalhar até produzir coisas tão simples como esta: Se Deus não existisse, teríamos que inventá-lo. E certamente o seria com o coração e a razão, num copo de vinho com pão, queijo, e vontade de perscrutar o mundo que nos cerca, envolve, como úteros quentes das mães que fazemos neste mundo.

© Rui Rodrigues   












[1] Chanukiá ou Chanuquiá (hebraico חנוכיה - hanukiah, pronunciado "ranuquiá") é um candelabro de nove braços, usado durante os oito dias do feriado judaico de chanukiá, também chamado de Festa das Luzes.Nesta celebração, os judeus de todo o mundo comemoram a libertação do templo de Jerusalém do domínio dos Gregos no século II a.C. sob a liderança dos Macabeus e o milagre do azeite que havia numa botija - que duraria um dia só - e que queimou no candelabro do Templo por oito dias. Este é o motivo dos nove braços da Chanukiá, sendo o braço do meio, mais proeminente, denominado Shamash (servente), pois a vela que é colocada neste braço é usada para acender as velas que são colocadas nos outros oito braços.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Democracia participativa para iniciantes



(Na foto, o povo fala pelo voto levantando a mão, tal como na democracia participativa de Sócrates. Hoje se pode fazer isso pelo voto através de uma rede social do governo, sendo o governo composto por meros funcionários públicos capacitados). 


Democracia participativa para iniciantes

Antes de tudo, limpe sua cabecinha... Esqueça os sistemas atuais de política representativa, onde os políticos têm uma força tremenda que lhes delegamos e da qual abusam em acordos, divisões de cargos políticos, distribuição de verbas, conluios, corrupção e acordos políticos que sofrem influência de grupos.

Mas não tema as mudanças, porque se for empresário, a única coisa que perderá será a possibilidade de usar o Estado em benefício próprio diferenciado. Em benefício próprio, até poderá, mas diferenciado, não. Se for um político tal como se conhecem ao redor do mundo, pode temer mudanças, porque com a democracia participativa, nova classe e tipo de políticos surgirão, sem força política alguma, porque serão simples funcionários públicos a serviço da nação. Não poderão decidir nada sem consulta à opinião popular através de uma Rede do Estado.  Os novos “políticos” não terão absolutamente nenhum privilégio. Estarão sob as mesmas leis de qualquer cidadão. Nem guerras poderão declarar, porque essa é uma decisão soberana dos cidadãos e não de governos, mas forças armadas existirão única e exclusivamente para a defesa da nação.

Numa rede social do governo – a Rede do Governo – são lançadas propostas todos os dias e votadas pelos cidadãos. Algumas em regime de emergência, outras com prazos mais dilatados. O voto é livre e tem o mesmo peso para todos os cidadãos. Na rede se discutem os temas em avaliação. Ninguém é obrigado a votar, mas para dar validade às votações é necessária uma quantidade mínima de votos. Os tempos de Internet serão dedicados em boa parte para resolver os interesses da população. 

Numa democracia participativa não há como comprar votos... Teriam que comprar toda a população do Brasil, a cada votação diária, e diariamente se votam dezenas, centenas de itens.. nem todo o dinheiro do mundo poderia comprar uma votação sequer.. 

Na Democracia Participativa não são necessários “representantes”. Cada cidadão se representa a si mesmo. Ideologias não interessam. O que interessa é o padrão de vida, o funcionamento da nação como uma sociedade produtiva, que cuida do ambiente, tem serviços básicos fundamentais atendidos, como redes de água potável sem impostos, transportes sem impostos, tratamento de esgotos sem impostos, rede de águas pluviais sem impostos, iluminação e energia sem impostos, educação e saúde públicas sem impostos. O imposto é único, aplicável sobre o lucro do serviço ou do bem material ou produto e será sempre estabelecido em função de um plano orçamentário onde conste toda a despesa para os próximos quatro anos. Após cada período de quatro anos o imposto é revisto em função das necessidades, e em anos mais benéficos para a economia poderá ser diminuído, mas sempre sem ultrapassar o teto máximo [1]de 20% para os assalariados e de 30% para as empresas.

Como o termo “político” perde o sentido atual – por completo – na Democracia Participativa, passaremos a tratá-los por funcionários públicos ou simplesmente funcionários. Podem ou não ser reeleitos em função da opinião popular, sempre por votação.  

Funcionários não podem lançar verbas de fundos nem do tesouro nacional para socorrer empresas porque estas devem ser competitivas e existir para produzir com qualidade. Empresário que não seja competitivo pode ter seus dias contados como dono de empresa, e se for uma sociedade anônima, seus sócios devem zelara para que assim seja. Dinheiro fácil dos cidadãos não existirá numa Democracia Participativa. Custa a ganhar e o governo tem dono: O povo!

Haverá um fundo para catástrofes naturais, épocas de crise, intocável, parte das reservas nacionais, destinadas a aliviar os danos causados. A educação será facultada a todas as crianças. Não haverá desculpas para que qualquer criança não tenha acesso ao ensino público, e a constituição fará parte do estudo como matéria própria, dada em conjunto com os princípios e os exemplos da moral e da ética. Os tempos do bom escoteiro devem voltar.

Funcionários públicos são eleitos por votação pública através da Rede do Governo. Olhos e sentidos atentos da população podem retirar os votos dados e atingido o mínimo necessário para permanecer no cargo, qualquer funcionário nessa situação o perderá. Se tiver contas a ajustar com a justiça o fará fora do cargo e se defenderá como cidadão comum que é.

Cada ministério terá sua verba pública para que seja administrada segundo o Orçamento do estado, do município ou da União. As porcentagens das verbas destinadas a cada ministério são função do orçamento aprovado para cada quatro anos. Nenhum contrato ultrapassará o limite dos quatro anos. Serão renovados em casos excepcionais[2], de forma a que não haja solução de continuidade e se atenda a renovação no livre comércio. A administração seguinte se obriga aos contratos ainda em vigor. 

Bancos, empresas, terão os seus direitos internacionais garantidos, e suas contas estritamente acompanhadas pelo governo de forma a evitar evasão de divisas, ou uso do capital para apoiar grupos terroristas, tráfico de drogas, compra de moral e de ética, formação de cartéis.

O ministério público e cada função exercida no governo terá à frente profissional graduado, com formação de acordo com o cargo e as funções de forma a obter uma administração de excelência. Participar do governo não é para quem quer, suportado por propaganda, mas para quem está mais capacitado. Nenhum funcionário público eleito para “presidente” poderá ser colocado em votação sem ter grau superior na sua formação acadêmica. Afinal seu cargo é meramente decorativo, representa a nação no exterior, e deve saber falar por si mesmo, conhecer profundamente a constituição, discutir os assuntos da política internacional que versam sempre sobre política, economia, direitos humanos, educação, desenvolvimento sustentável, ambiente e outros. Um torneiro mecânico ou um motorista de caminhão, por exemplo, e por mais que sejam pessoas respeitáveis, merecedoras de toda a nossa admiração, seria um desastre e teria que pedir ajuda a não se sabe quem que lhe pudesse preparar os discursos. Um risco enorme para a segurança, o bem estar, o desenvolvimento nacional. Poderiam por exemplo a pretexto de uma solidariedade internacional, dar ajuda a ditadores africanos, a ditadores da América do Sul, para pagar velhas contas particulares de solidariedade antiga. O povo não tem nada com isso. Seria problema deles.

A democracia participativa é uma democracia firme, absoluta, que pode corrigir seus próprios erros através de propostas emanadas de qualquer cidadão, através de voto pela Rede do Governo. Basta ficar atento diariamente ou sempre que possível a esta rede, analisar, discutir, ver o que os outros pensam sobre o assunto e votar.

© Rui Rodrigues

Há muito mais a dizer. Sobre o assunto recomendamos

2-     Como usar o seu voto na democracia participativa http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/index.php?pagina=1290684408
3-     Esboço para alterações políticas no Brasil http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/index.php?pagina=1292684298




[1]  Se assim for votado
[2] Por motivos de força maior

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Porque gosto do Nautilus?

Porque gosto do Nautilus?

Vive no mar, de cheiro de iodo, de marulhares que me lembram o útero de minha mãe onde vivi por nove meses gozando a vida de forma confortável e segura. Lembra-me a origem da vida como a minha, por ter sido na água que os primeiros seres vivos surgiram e neste caso, o nautilus é mais uma raiz da existência que conta uma história. Gosto de histórias vivas. Mas mais do que isso é um ser inteligente, propriedade que aprecio em tudo o que vejo, e mesmo o que aparentemente parece não ter inteligência, a tem. Pensando bem, pode notar-se que inteligência não é um fator preponderante para a vida, nem na vida, e que se pode viver muito bem sem se ser inteligente. Mas o Nautilus é inteligente, tanto ou mais do que o polvo, também um cefalópode, que é como classificamos essa ordem da natureza a que os dois pertencem, mas enquanto o polvo é todo “desarrumado”, o nautilus é detentor de uma “inteligência genética” matemática, geométrica, artística... E é belo.

De onde vem a beleza do Nautilus? Porque o achamos lindo?

Pela forma perfeitamente geométrica de seu corpo mesclado com uma parte amorfa com tentáculos, olhos enormes, um ar de “observador” inteligente e um sistema de propulsão a jato. Um animal que bóia, locomove-se a jato, mas que infelizmente só existe hoje no Oceano Índico. Feliz o povo hindu. E, além disso, atravessou períodos ou eras históricas, tendo habitado o planeta no tempo dos dinossauros e anteriores. Outra virtude sua é que é um sobrevivente tão famoso quanto o tubarão. Atravessou eras como o paleozóico, o jurássico médio e inferior, cretáceo...  Na Europa e no resto do mundo, sobraram apenas os fósseis.

O corpo do Nautilus é uma espiral logarítmica, não um simples cubo, ou uma forma geométrica simples. É uma espiral logarítmica, elaborada, de razão áurea [1], ou proporção áurea[2], número de ouro, número Phi, seção áurea, razão de Phidias, divina proporção, a mesma proporção que foi usada na construção do Parthenon na Grécia, por Miguel Ângelo em suas estátuas, por artistas em pinturas e em dimensões de telas. O nautilus é um animal matemática e inteligentemente artístico, de cores belas, vida pacata, contemplativa.

Como o numero áureo é extraído da seqüência de Fibonacci (lembra do filme ou do livro [3]de Dan Brown, “O código Da Vinci?”), representa uma constante de crescimento.   
E nosso corpo apresenta essas proporções com maior ou menor aproximação. A nossa beleza pessoal é comandada geneticamente, decerto por algum gene artista, amante da beleza.

© Rui Rodrigues







[2] Valor de phi= 1,618...
[3] Assista o filme “O código Da Vinci”, grátis, dublado, em http://www.filmesyoutube.net/2012/10/assistir-o-codigo-da-vinci-dublado.html

domingo, 18 de agosto de 2013

O “deus tutelar”



O “deus tutelar”
(e seus efeitos sociais nos povos e no relacionamento entre nações)


Hominídeos e “Homo”, na escala de evolução humana, sempre foram seres sociais. Não se sentem bem vivendo isolados de suas sociedades que acabaram por construir com base em hábitos passados de geração em geração, identificação visual genética, sentimos de proteção coletiva, dentre outros fatores. Flores encontradas em túmulos pré-históricos dão-nos uma leve noção de que em algum momento, por essa época, se acreditava numa vida pelo menos “diferente” no pós-morte, senão, porque razões enterrariam o morto com flores? Tumbas posteriores já possuíam, além de flores, objetos de uso quotidiano do falecido. Quando mais tarde se fez definitiva a noção de um Deus senão criador, pelo menos protetor, surgiram religiões por todo o planeta habitado. As primeiras noções de divindade eram proporcionais ao desenvolvimento mental de nossos ancestrais, e por não entenderem ainda pelo menos razoavelmente o mundo em que viviam, eles imaginaram um panteão de deuses, um para cada “preocupação” que tinham, e surgiram os deuses da guerra, da saúde, das colheitas, da caça, e outros.

É natural pensar-se que deuses protetores de feridos e doentes não tivessem tanta força como os que, por exemplo, cuidavam da agricultura ou da guerra. Os deuses que aparentemente provocavam mais estragos eram os deuses da guerra, num período histórico em que as lutas pela posse das terras era fundamental para que sociedades de indivíduos pudessem ter mais território e portanto comportar maior numero de indivíduos. Estas lutas eram terríveis, com alto numero de baixas e podiam aniquilar civilizações. Por isso mesmo, o deus tutelar, isto é, o deus que presidia o panteão de deuses era sempre um deus guerreiro, dono e guia dos exércitos [1].  Havia um orgulho de cada nação em seu deus tutelar, e nem por sombras esse deus era dividido entre elas. Cada uma tinha o seu, o que julgavam mais forte, mais poderoso, o céu era o limite, mas o conhecimento do céu (universo) era limitado. Assim como havia guerras no planeta, julgavam haver guerras também nos céus. Seus deuses tutelares justificavam e apoiavam as atitudes terrenas de seus líderes, mesmo que contra a vontade popular. Era como se os deuses fossem imaginados não como entidades próprias, mas como “fetiches” – sempre à disposição - para atender as necessidades humanas de cada povo, ou melhor, de seus líderes[2].

As lutas por territórios no sentido de angariar mais espaço para crescimento populacional, parece ter terminado em 1945 quando Hitler foi derrotado, mas de certa forma continuamos a conquistar “territórios”, agora com características comerciais.  A luta é a mesma, mata igualmente por seus efeitos indiretos, mas tem uma aparência mais “humana”, seja o que for que o termo humano queira significar, porque na medida em que a economia de qualquer país diminui sua eficiência, aumenta o numero de pobres, os serviços sociais perdem a eficiência, doenças tornam-se mais poderosas e se disseminam mais rapidamente, muita gente morre em conseqüência sem sequer fazer parte dos noticiários dos jornais. São mortes surdas. Para sobreviverem internamente às nações como governo, e, portanto com as regalias inerentes, os que governam costumam mentir e esquivar-se de perguntas inconvenientes.
 Deusa Abutre - egípcia - notar semelhança da arca
Deuses tutelares eram eminentemente deuses guerreiros. Não seria de admirar se a “belicosidade” dos deuses estivesse intimamente ligada à necessidade de transmitir genes à descendência. A expulsão de judeus de suas terras de Judá para a Babilônia por Nabucodonosor II é um indicador desta tese: expulsou para suas terras o povo judeu que se misturaria com sua gente, misturando suas características de gente inventiva trabalhadora e produtiva, às de seu próprio povo, embora, duvido, tivesse consciência disso. De qualquer forma, não se costuma chamar os inimigos para dentro de suas próprias fronteiras se isso não for interessante. O entrave maior foi a religião. O povo judeu tinha um deus tutelar em mutação: Seu panteão de deuses estava sendo eliminado e apenas o deus tutelar, Yawé, acabaria por prevalecer, quando o profeta Jeremias exortou o povo judeu à união. O Talmude data desses tempos. Porém, há um detalhe muito importante em termos de deuses tutelares: Yawé ou Jeová é o único que em vez de apoiar sempre o seu povo, o castiga toda vez que erra, para que aprenda. A partir do cativeiro da Babilônia, o povo judeu passou a conviver com um “deus sozinho”, ou seja, o monoteísmo centrado em Yawé[3].
 Idealização da Arca da Aliança
Deuses tutelares sobreviviam enquanto em terra seus adoradores obtivessem vitórias militares. Perdidas as batalhas finais, os deuses eram abandonados, jazendo no pó. Não admira, pois que, numa humanidade devastada por guerras de conquista e ocupação, Iawé surgisse como um deus a ser copiado: Um deus que punia seu próprio povo e o incitava a não errar, a percorrer caminho ético, moral, voltado para a paz, porém sempre preparado para a guerra de defesa, e surgiram duas religiões a partir desta de culto a Iawé: A cristã e a maometana, adaptadas cada uma à idiossincrasia dos povos que as adotaram. Mais tarde, Martinho Lutero em meio a uma nação de princípios morais mais consolidados na época, a Alemanha do Sacro Império Romano Germânico, criou a primeira dissidência no cristianismo, coisa que não se viu até hoje nos paises muçulmanos, e criou o protestantismo. A partir de Iawé, a árvore genealógica das religiões, abre seus ramos, fruto de um deus não bem definido, ou não bem entendido. Certamente não bem entendido, porque sendo Deus a fonte, não deveria ter sabores diferentes de acordo com quem o prove. E desta falta de entendimento, muitas guerras e muitos seres humanos foram mortos no interior de fronteiras por seus semelhantes, no exterior em guerras que apenas e somente os fatores econômicos e territoriais de sobrevivência poderiam justificar. Em vez disso, usaram a “infidelidade” religiosa para justificá-las. A falta de instrução, educação e conhecimento dos povos, foi pasto destas distorções de motivação por parte dos poderosos que governavam as nações, todos eles sob influência religiosa.

Governantes, aqueles que usurpam o poder ou os que elegemos para nos “representarem”, precisam de desculpas para seus erros, e de motivos para a consecução de suas idealizações. A religião é uma fonte quase inesgotável para estes efeitos, porque congrega populações e as pode manobrar para o lado que mais interesse no momento político ou econômico. Nos tempos de hoje, as batalhas no terreno já não necessitam de um deus “tutelar”, nem se grita em campo de batalha, porque o confronto físico de exércitos diminui não só pelo tipo de armas desenvolvidas, como também por efeitos psicológicos: As armas matam a maior distância, corpos mortos enterrados em cerimônias fúnebres desmotivam a população. Os deuses já não são guerreiros, e essa função é exercida pelos que elegemos para nos representar, este um erro que será corrigido a futuro, porque com deuses tutelares ou sem deuses tutelares, as guerras inconvenientes continuam pelo mundo afora, algumas e muitas fratricidas mesmo que todos tenham a mesma religião, e nisto se incluem as guerras por verbas dentro de um mesmo estado dividido em pequenos estados por questões de administração.

Após breve análise se pode constatar que os deuses se separam paulatinamente dos seus “representantes” no planeta, e o povo de seus “representantes” no governo. Há uma crise aparente de tutela que pode significar o rompimento com estilos de governar, das características dos eleitos à representação, e mesmo a representação pode ter seus dias contados com a participação da cidadania nos destinos do mundo.

Num mundo que evolui socialmente sempre em pequenos bolsões isolados de progresso social de acordo com a melhor ou menor performance de administração econômica, não há como desprezar o sentimento de que um mundo mais equânime, mais homogêneo, seria um mundo mais habitável, sustentável, canalizando as riquezas não para a guerra, mas para o progresso e o desenvolvimento em todos os campos da humanidade.

A humanidade terá encontrado o seu caminho para um deus único, ou, a exemplo de cada nação que tem o seu deus, cada individuo também pode ter o seu – ou não ter - de acordo com a sua própria forma de encarar o mundo?

É o que veremos em tempo relativamente curto, talvez dentro de algumas décadas.  O mundo está mudando para uma participação cidadã cada vez mais efetiva.

© Rui Rodrigues


[1] Ainda hoje, e, por exemplo, embora Espanha, Inglaterra e Portugal tenham o mesmo “deus” comum, para diferenciar no campo de batalha escolheram “santos” como padroeiros de suas forças armadas: Inglaterra e Portugal escolheram S. Jorge, a Espanha, São Tiago, ou Santiago. Nestas religiões, o panteão de deuses foi substituído por um Panteão de santos que priorizam em busca de milagres.
[2] Efeito agravado em épocas históricas de Teocracias que ainda hoje existem, como no Irã, em que o líder religioso é também o chefe máximo da nação. 
[3] Deve ter sido por esta época, quando o Talmude foi compilado, que se deve ter definido que não se fariam imagens de Iawé (D’Us), e que somente um deus seria adorado. 

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Carta aberta ao ministro Lewandovsky

Carta aberta ao ministro Lewandovsky





Há dois aspectos em sua vida, ministro... O particular e o público. Os dois devem expressar o mesmo tipo de conduta, o que para um juiz se deve basear, obrigatoriamente na ética e na moral. Então meta a mão na consciência e leia as seguintes leigas linhas:

1. Apóia V. Exa., não declaradamente, criminosos condenados em julgamento que, sem a sua intervenção e de Tofolli, poderia ter sido igual ao de qualquer réu comum, desses tantos que penam por justiça nos corredores dos tribunais. Seus passos no julgamento estão sendo julgados também pela população do Brasil, com mais ou menos instrução, vendo uns com agrado sua defesa dos réus, por cumplicidade ou simpatia indireta pelos réus, outros com cautela por não poderem saber o que realmente se passa, outros ainda indignados porque percebem o que V. Exa claramente deixa perceber: Defende uma quadrilha de lesa-pátria que envolve principalmente o Partido dos Trabalhadores. Este Partido é chefiado realmente por Luiz Inácio da Silva Lula, cuja vida pregressa e enriquecimento deveriam estar no rolo do processo. Este mesmo partido tem modificado de tal forma a nossa constituição que já nos parece estarmos em outro estado de democracia: A democracia modificada com que Hitler alcançou o poder a partir de Weimar na Alemanha de 1919, tal como Lula, chefiando uma quadrilha com o enganador nome de Partido dos Trabalhadores. Foi do nome deste Partido que surgiu o nome NAZI, o nazismo. V. Exa nos envergonha, a toda a população do Brasil.

2. Em sua vida particular, parece V. Exa., tal como Hitler, esquecer as suas origens, apoiando uma quadrilha que tenta o poder a qualquer custo usando a corrupção para conseguir votos, e o poder para corromper a constituição brasileira. Muita gente honesta morreu em campos de concentração, como os de Treblinka , Sobibór e tantas outras espalhadas pela Ucrânia, Estônia, Lituânia, Alemanha, França, Itália, Polônia, República Tcheca, Países Baixos (aqui nasceu e morreu Ann Frank). Um holocausto europeu. Não queremos um holocausto na América do Sul, como também não queremos um regime totalitário como o Cubano. O senhor envergonha a América Latina, o mundo.





3. Se de todo V. Exa não souber como Hitler chegou ao poder, ou não se lembrar porque não terá ouvido a história de sua família, pode refrescar a memória no link abaixo
http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/index.php?pagina=1292548503



© Rui Rodrigues



ps - E pelos vistos o ministro é também um bandido sumindo com documentos quando estava no TSE 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O ciclo do comunismo – ascensão e queda.

O ciclo do comunismo – ascensão e queda.
(similar ao do nazismo [1])

Este mundo nunca foi justo, justamente por causa de ambiciosos e oportunistas.

O comunismo parecia a solução para que todas as riquezas fossem distribuídas entre todos de forma mais justa, mas das cerca de 90 nações do mundo que já foram comunistas, restam apenas duas: Cuba e Coréia do Norte. O que deu errado? Parece haver um “ciclo” para este tipo de ideologia.

  1. O surgimento

líder comunista na praça vermelha
Surge em épocas de crise, quando o equilíbrio da pirâmide social sofre modificações importantes ou violentas, normalmente em função de crises econômicas, guerras ou regimes de governo. Por mais que as pirâmides sociais sejam achatadas ou verticalizadas, há um equilíbrio nas camadas sociais que mantém a ordem, o progresso e a paz nas nações. Nesses momentos de crise, a indignação popular cresce e fica preparada para qualquer coisa “diferente” na forma de ser governada, que lhes melhore a vida. A propaganda é importante, a criação de “símbolos” de unificação de vontades, adquire uma importância fundamental nem que para isso se use a mentira, porque a verdade começa a ser oculta pelo impedimento de liberdade de expressão dos meios de comunicação. É o momento oportuno para o surgimento de “líderes” que lhes indiquem o caminho. Os cofres públicos e as riquezas particulares confiscadas são o baú inicial para a “distribuição” social das riquezas. Até aqui não há diferença entre nazismo e comunismo.
 Quadro revolucionário de propaganda comunista
  1. O estabelecimento e o auge


Praça Vermelha no auge do comunismo
Quando se fala em dinheiro raramente se associa este termo a “elemento de troca”, mas dinheiro ou moeda pode ser qualquer coisa, desde conchas a moedas, desde moedas a cupons de racionamento e distribuição de bens pela “coletividade”. Porém, e de forma geral, comunistas principalmente são avessos à moeda, ao dinheiro, porque o vêm como um símbolo “capitalista”. Uma vez imposto o comunismo como forma de governo, mantêm uma moeda fictícia, fora da realidade para as trocas internacionais, e internamente a mantêm, tirando-lhe a importância pela redução do uso: Distribuem cupons de racionamento que distribuem de forma desigual pelos lideres, militantes, simpatizantes e povo. As prisões começam a esvaziar-se de ladrões, traficantes e bandidos e começam a encher-se de “inimigos do regime”. Forma-se uma bolha “nacional” na qual só entra a informação que interessa ao regime e da qual nenhuma informação saia sem que seja previamente submetida a censura. Sem governo totalitário, o comunismo não germina, não progride, mesmo que o totalitarismo seja obtido através de alterações à constituição. O auge do comunismo, e o inicio de seu declínio acontece quando uma enorme porcentagem da população recebe uma educação mínima, porque universidade só serve para quem tem capacidade e não há venda de diplomas, e todos têm pelo menos garantido um quarto para viver e comida no prato. As artes são desenvolvidas como forma de amenizar a vida. Nem todos têm TV, computador ou celular, automóvel é para poucos, geladeiras, ares condicionados, e bens de primeira linha, somente para lideres e protegidos do regime.

 Propaganda de culto à personalidade

  1. O declínio e o fim
 Queda do muro de Berlim sem um único tiro
Após o auge, vem sempre o declínio de qualquer coisa neste mundo. O melhor exemplo somos nós mesmos que já começamos a morrer desde o dia em que nascemos. Passamos por um auge e declinamos porque não conseguimos manter sempre o mesmo fator de produção e distribuição de energia. Os órgãos começam a falhar. No comunismo é assim também. Logo após a implantação do sistema, os hábitos são alterados, a ambição reduzida e controlada, a vontade de querer alguma coisa diferente se esvai como que por encanto, mas não morre. Apenas fica adormecida, porque é uma condição natural da humanidade. Os líderes do comunismo têm ambição e nesse sistema continuam a tê-la, e á vontade, porque a censura não permite reclamações. A necessidade de controlar é tão grande, principalmente em países de grandes populações, que qualquer iniciativa passa obrigatoriamente por uma estafa de perguntas, respostas e verificações – a que chamamos de burocracia – que dificulta a sua consecução e provoca perda de vontade de fazer alguma coisa. Numa sociedade sem incentivos de produção ou de melhoria de salários, o esforço pessoal se iguala ao do parceiro de trabalho, porque trabalhar demasiado sem compensação à altura não é motivação. A produção começa a decair, a qualidade se deteriora, e só os programas tecnológicos do governo seguem adiante com mais ou menos demora. As trocas comerciais com o exterior começam a diminuir a capacidade de comprar o que é necessário para a nação, incluindo alimentos, artigos importados, itens tecnológicos que permitam acompanhar o desenvolvimento nacional. Logo os cupons comprarão menos do que no ano anterior até se chegar a um grau de insatisfação popular que atinge pouco a pouco os altos escalões do governo, tal e qual como nos períodos anteriores à implantação do comunismo. É então chegada a hora de abandonar o comunismo e buscar outra forma de governo que possa dar “mais certo”.
 Nova revolução russa para acabar com o comunismo. Sem tiros
O Brasil está na primeira fase através de “sonhos de criança” de um grupo de ex-terroristas assaltantes de bancos quando faltou o apoio financeiro de países então comunistas como a China e a URSS, e precisaram de dinheiro...

Gorbachev (Perestroika) e Yeltsin, a nova Russia. 
Comunista precisa de dinheiro e muito, porque normalmente não sabe lidar com esse símbolo e prova disso temos aqui em casa com os governos Lula e Dilma. Como em todo o planeta há uma crise mundial geralmente criada por um excesso de “poder”, talvez seja a hora certa para tentarmos um novo tipo de democracia que foi descoberta há cerca de 3.500 anos por Sócrates, um grego filósofo, e que agora tem “pernas para andar” através de redes sociais: A Democracia Total, Verdadeira, Participativa[2] .

© Rui Rodrigues