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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Taumaturgo Bode e Zeca Vamporra

                                                            

                                                                Zeca Vamporra

Zeca Vamporra, dizem, nunca teve mãe.  Não teve mãe, também dizem, porque se sentia rejeitado por ela. Como andam sempre dizendo, e nunca assumem quem disse, passo adiante: Ele não era filho do pai dele. Era filho de um outro pai, e a mãe não sabia quem era por razões óbvias. Nada de reprovável. O problema é que a mãe sempre o via como “o filho do desconhecido” e não como filho dela. Zeca Vamporra suportava tudo com estoicismo. Um dia provaria que tudo estava na medida certa para ele. Passaria a perna em todo mundo e ninguém notaria. Não é que a mãe dele que era mãe, nunca percebeu que ele a odiava? Se a mãe não percebia, o mundo também não!

Zeca Vamporra era um revoltado, daqueles que aprendeu a esconder a sua revolta para ter tranqüilidade em casa... Sofria mil martírios, sempre calado, desde que conseguisse atingir os seus objetivos. Na escola era medianamente aplicado. Aos 19 anos já era líder estudantil. Não porque soubesse alguma coisa das matérias, mas porque estava na moda reclamar de tudo e ser da esquerda, Tcheísta mais que Fidelista. Socialista não era mesmo. Gostava muito de ouvir o hino da “internacional socialista” e se arrepiava todo. Curtia uma boa vida, desde que paga pelos outros. Não precisava ser “expert” em qualquer matéria. Conhecia as pessoas e sabia do que era capaz.

Um dia trancafiaram o Zeca Vamporra, ao tentar fundar uma espécie de Congresso Estudantil contra a ditadura. Como tinham seqüestrado um embaixador, ele e mais um grupo foram libertados e deportados em troca do político. Chegou até Cuba e fez uma plástica lá. Nunca acreditou que um dia a ditadura acabasse. Não acreditava no seu próprio movimento, nem em Che, nem em Fidel, e tratou de mudar a cara para não ser reconhecido. Mas continuou gostando muito de dinheiro, e de não dar o corpo aos abutres em batalhas. O negócio dele, como profundo conhecedor das pessoas, era gerir. Gerir qualquer coisa.

Foi aí que se perdeu o rastro do Zeca Vamporra.

Dizem uns que morreu na Serra Maestra com o Che. Dizem outros que Zeca Vamporra é falso e que é outra pessoa, e que por isso alegaram a tal operação plástica em Cuba. Outros dizem que foi o Pitanguy que lhe fez a plástica quando visitou Cuba.

Eu não sei de nada.

O que sei é que Zeca Vamporra tinha um comparsa político em ascensão enquanto eram vivos: Taumaturgo Bode! ... O temível Taumaturgo bode. Morreram, ou sei lá, na mesma época. E passaram a agir em surdina. Cada um para um lado. Taumaturgo até lhe facilitou a vida quando por sua influencia aprovaram uns documentos que deixavam o dito por não dito, o passado enterrado sem vencidos nem vencedores, um helicóptero jazendo no fundo do mar com o sujeito que não queria deixar as coisas em banho Maria.

Zeca Vamporra funda então um Partido com um sócio. O sócio, a principio, era muito honesto de princípios, mas o Zeca destruía as bases de qualquer um e disse-lhe.

-Cara... Sem dinheiro não podemos fazer nada. A URSS está nas últimas. Vai quebrar. Cuba está com bloqueio e a China não se mete nisso. Vais apanhar dinheiro onde para levarmos o Partido adiante? Você quer um Partido quebrado?

Diante das evidências, o sócio aquiesceu. Na verdade fez um contrato com o diabo, ou um representante dele, com assinatura em branco. Nunca mais se separaram.

Então Zeca Vamporra começou a aparecer. Como fantasma. Arrecadou dinheiro para a causa usando uma conta ns Ilhas Jacaré já defloradas por tantas contas internacionais. Ajudou a empichar um alto membro do governo que mais tarde, em revanche, lhe atrapalharia a vida ajudando os inimigos que fizera a porem-no para fora do cargo que tinha. Nisso o Taumaturgo Bode ajudou um bocado, porque cada um tinha um dossiê mais grosso que a Barragem de Três Quedas e se respeitavam mutuamente. Se um dia um deles resolvesse abrir os dossiês, acabariam com a vida de ambos.

Mas afinal, estão vivos...

Eu não sei de nada. É tudo o que contam outros fantasmas que andam por aí, de menor expressão, loucos para subir no podium e assumirem a chefia da Congregação Nacional dos Fantasmas, tendo até várias ONGs que defendem tudo na propaganda, mas não fazem nada de útil para defender: O dinheiro que recebem é todo gasto em notas frias que nunca expressam nada do que foi gasto. Aliás, com as notas frias, nem gastam dinheiro. Só distribuem o que recebem do governo.

Dizem, não sei, que uma vez quando se encontraram, o Sócio, Zeca Vamporra e Taumaturgo, comentaram e assentiram que o povo era burro mesmo.  E que os empresários, em troca de uns favores, pagavam a peso de ouro. Eles eram apenas intermediários entre a burrice popular e a avareza dos empresários. Sempre tinha sido assim. A revolução afinal tinha ganho a batalha contra a ditadura, porque agora estava no poder!!!!

Riram a bandeiras despregadas, estourando as pregas anais de tanto rir. Gritavam:

- Companheiros! ... Ganhamos!... Estamos no poder, e os trouxas estão lá... O povo pastando e os empresários pagando até barato.  O idiota do Fidel está lá com a sua Revolución o muerte!... Todo bloqueado, caquético, pé na cova, o povo vivendo numa crise eterna!..  O Che está morto, o otário... Morreu pelos camponeses que continuam na merda de sempre...

Quando Zeca Vamporra e Taumaturgo Bode atacam as vítimas, sempre como fantasmas, o mundo de um lado treme, do outro toma champanhe, do outro fazem festas em Paris com muitos guardanapos, de outro enchem os alforjes de dinheiro, o outro, o maior, agora está convencido que é classe C e já não é pobre...

Zeca Vamporra ganhou este apelido porque era uma palavra comum na época. Se suas comunicações fossem grampeadas, tudo o que ouviriam como referencial era um “Porra” bem colocado.

Vampiro raiz do nome Vamporra é porque sempre viveu à custa do sangue dos outros. Anda sempre com uma pasta cheia de dinheiro que os outros pensam ser de documentos.

Rui Rodrigues



2 comentários:

  1. Qualquer semelhança será por decisão própria de cada um ver o que quer ver. Eu vejo apenas um fantasma.

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